Na província do Namibe, os familiares dos mais de 600 cidadãos mortos em Janeiro de 1993, cujos cadáveres foram atirados e esquecidos em valas comuns localizadas nos municípios de Moçâmedes e Tômbwa, exigem que a CIVICOP (Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos) lhes devolva os restos mortais e certidões de óbito para a realização de funerais condignos.
Por Geraldo José Letras
Os restos mortais de mais 600 cidadãos que jazem em duas valas comuns localizadas uma no município de Moçâmedes e outra no Tômbwa, província do Namibe, continuam abandonados desde o dia 5 de Janeiro de 1993.
De acordo com fontes históricas, as vítimas foram “caçadas e assassinadas por forças ligadas ao MPLA, pelo simples facto de serem militantes, amigos e simpatizantes da UNITA, outros por serem falantes da língua Umbundo”.
Contactadas pelo Folha 8, algumas famílias lamentaram o facto de até ao momento a CIVICOP não lhes ter devolvido os restos mortais dos seus entes queridos, tão pouco terem sido contactados para a entrega das certidões de óbito para que possam realizar “pelo menos um funeral condigno”.
“Os membros da CIVICOP não estão interessados em cadastrar essas duas valas porque têm a certeza de que essas mortes foram orientadas por elementos do MPLA. Por isso é que estão mudos”, diz Elias Chitata.
“A agenda da CIVICOP não é fazer valer o significado do lema ‘Abraçar e Perdoar’, é promover a imagem do MPLA e desgastar a imagem do seu adversário político (UNITA)”, afirma Edson Kamalanga.
Os militantes e deputados pelo círculo Provincial da UNITA no Namibe deslocaram-se nesta sexta-feira, 5 de Janeiro, às duas valas comuns localizadas nos municípios de Moçâmedes e Tômbwa para render homenagem às vítimas.
“Honra e glória à memória de todos os nossos compatriotas que perderam as vidas na luta pela liberdade e democracia em Angola”, salientou o deputado da UNITA pelo círculo provincial da UNITA no Namibe, Sampaio Mucanda.